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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A câmara secreta

Nas câmaras da minha imaginação sombria, eu corro, eu te procuro, mas você não está mais lá.
Então procuro por provas de que você existiu: elas sumiram.
Vasculho minha mente, minha parte racional: sim, ali você ainda está.
E então eu fico tranquila, porque lá é o lugar mais seguro em que você pode estar.
Saber, de longe, te observar, mesmo de longe, é melhor do que viver um sonho sombrio ao seu lado.
E eu sorrio, de longe, para você.
Obrigada...
e viva...
O tempo e a chuva irão levar as más lembranças embora.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ah...!

Eu não estou sabendo lidar, será que é paranóia pós bebida?
Quando paro para pensar, tudo o que faço é errado, e não consigo sair do lugar porque minha bolha está aumentando.
Sei que é questão de tempo.
Minha cabeça lateja. Tenho medo.
Não sei se as coisas vão mudar, se elas vão melhorar.
Ficar sozinha têm me sido torturante. Preciso me ocupar com alguma coisa, não posso ficar parada desse jeito, senão os fantasmas me pegam de jeito.
Meu Deus, faça o tempo passar num piscar de olhos. Faça eu não me lembrar. Faça eu não fazer coisas erradas. Faça ninguém furar minha bolha.

Ah...!

Coisa tosca

Não há nada, nada que eu possa fazer aqui
Por que você não me deixa ir?
Por quê? Por quê?

Existem pessoas que fazem o mundo avançar
Pessoas com brilho, pessoas que fazem a diferença
Eu não sou uma delas

Então me deixe com o meu livre arbítrio
É meu direito de escolha
Só queria que me entendesse e pudesse me ajudar
No que decidi

Você sentirá falta, mas será momentâneo
Eu não troco a minha alegria pela sua dor
Por isso deixe me ir

Não há nada, nada que eu possa fazer aqui
Por que você não me deixa ir?
Por quê? Por quê?

Como pode saber se aqui é melhor?
Quem fez essa relação de bom e ruim?
Estar aqui só traz dor às pessoas
Minha existência... é minha
E ela só causa dor, desconforto, tristeza

Não há nada, nada que eu possa fazer aqui
Por que você não me deixa ir?
Por quê? Por quê?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

É essa a sua resolução? É este um primeiro passo?

Eu quero tirar muitas dúvidas da minha cabeça. Como são, na sua maioria, coisas abstratas, sentimentais (não é o adjetivo), não consigo chegar a nenhuma conclusão. Por isso, irei analisar as minhas ações, meus atos, minhas atitudes ativas, as coisas que faço sem ficar me martelando, que faço quase que espontaneamente, aquelas que não preciso de nenhuma profunda reflexão psicológica. Acredito que elas serão a chave para me entender e achar as respostas que preciso.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Neste ano que passou:

Eu saí da pacata cidade de Assis para vir para São Paulo; consequentemente perdi um ano de faculdade;
Eu vi o João querer pular do muro caso não estudasse junto comigo;
Meu pai foi demitido depois de 31 anos;
Eu ganhei uns conhecidos e perdi outros;
Eu morei com o João até eu "tentar matá-lo", ao que ele me expulsou;
Aluguei um quartinho num bairro bem "quebrada";
Vi o João trabalhar por um mês em telemarketing;
João me forçou a entregar alguns currículos e fui numa entrevista de emprego, e depois nunca mais dei as caras;
João me forçou a fazer um concurso, ao qual passei;
Eu fui na ginecologista e fiz uma cauterização;
Briguei incontáveis vezes com o João; achei várias vezes que era o fim;
Ganhei um computador novo, que não parece tão novo assim;
Comecei a ensinar mamãe a entrar na rede;
Shinji anda trabalhando;
João viciou-se em Urban Terror;
Vi um cachorrinho "et" e me surpreendi com a bondade das pessoas;
Eu ganhei uma mini frigideira decorada da tramontina;
Comprei um celular; ele foi roubado ao cabo de quatro meses no dia em que fui ao poupatempo de Santo Amaro com aquele boné verde;
Renovei minha cnh duas vezes em menos de dois meses;
Fiz cirugia de miopia;
Comi bastante mandioca frita do papai;
Mamãe começou a apreciar açaí;
Comecei a beber cerveja;
Sempre corri quando o João chamou;
Passei a faculdade sem trocar palavra;
Conheci o mundo das festas da Letras e comecei a odiar uma certa pessoa;
João começou a fumar;
Descobri os milhos, os pães de queijo e as paçoquinhas;
Descobri Clannad e Clannad After Story;
Tive meus "affairs" internéticos;
Saí mais vezes;
Me mudei várias vezes, mas ao mesmo tempo não mudei nada.

Sombra

Eu sempre agi de modo a ser uma observadora, sempre com atitudes passivas, de modo que qualquer coisa que eu fizesse nunca implicasse em responsabilidade para mim.
Minha intenção era sempre ser um fantasma, uma pessoa sem aparência física, sem opiniões, sem fala.
Assim qualquer um passaria por mim e não me veria.
Mas mesmo atitudes passivas são notadas.
Tudo o que eu quero é que me deixem quietinha, quietinha.
Eu sei sobreviver sem ajuda; e também, se ver que não consigo, das duas uma: ou me mato ou viro parasitária.
Eu sei que "mudar é um parto"; a pessoa que me ensinou isso já não mais fala comigo por causa de meus pensamentos mirabolantes e chateadores.
Mas aceitar as coisas sem tentar mudá-las condiz mais para acelerar certas decisões.
Eu não quis passar indiferença.
Mas se passei, me desculpe. A minha intenção era só passar despercebida, só isso.
"Às vezes, só por existir, uma existência pode trazer sofrimento para as outras", isso deve ser o que eu sou.
Eu não sabia que tinha mudado você, porque não te conheci antes disso. Tenho apenas essa percepção sua.
Eu não sei. Se eu não quero sair do lugar, se eu não posso estar triste, se o meu semblante te afeta, por que não me deixa ir?
Sou um ser que se arrasta, sou um ser defeituoso, mas se eu nasci aqui também queria poder me expressar.

sábado, 9 de janeiro de 2010

E eu também queria ser salva

E lá vem mais um ano. A imagem que querem nos passar é de que isto é uma coisa boa, felicitações para todos os lados. Quanta mentira barata. Saí no dia de natal, e tudo é a mesma merda. Nada de sorrisinhos felizes, isso é tudo enganação.

Aliás, meu natal foi passado a maionese e arroz a grega e meu ano novo a bacalhau, manjar de coco e mousse de manga. E eu nem sou tão chegada a bacalhau. Uma mulher desconhecida que só me chamava de "menina". Bom, pelo menos não tive que ficar conversando com ninguém. Tive mais é que me abster de conversar. Pude passar um tempo quieta no meu canto, querendo ir embora e chorando.

Perdida em Santos, as únicas lojas abertas eram de guloseimas. Cervejarias não vendem cartões telefônicos e nem créditos para celular. O décimo primeiro andar sem janelas era bem mais atrativo do que o meu sétimo com gradis.

Ficar em casa sozinha fazendo o que bem entendo é bem melhor do que ir para casa dos pais e ter que ficar constantemente com medo de levar um sermão. Aguentar brincadeiras bestas faz parte do pacote. Levar baforadas e sentir a ponta de um cigarro também.

Eu me viro com a comida que eu mesma faço, mesmo atingindo paladar o suficiente para descobrir que como a força o que cozinho. Minha mágica: temperinhos para arroz.

Eu posso ver o céu e as janelas podem me ver. Não me importo. Andar de calcinha dentro de casa é sexi (cof cof).

Eu posso ver tevê o dia inteiro como uma zumbi até minhas aulas começarem.

Eu não gosto que falem mal de mamãe. Eu consigo ver o lado dela. E eu vejo que estou no caminho de me tornar igual a ela.

Eu também consigo ver o lado de papai. Gostaria de ser uma pessoa forte que o honrasse. As honras ficaram no passado.

Eu tenho tempo para procrastinar e ácido para limpeza.